Sobre o Círculo de Viena (I)


Sobre o Círculo de Viena e o empirismo moderno (I).
Uma das correntes doutrinárias da filosofia contemporânea, a saber, a filosofia analítica (e empirista) tem como diretriz principal a análise lógica da linguagem. Essa orientação lógico-linguística estava presente entre as principais teses advogadas pelo chamado Círculo de Viena. Neste sentido, a filosofia analítica atual é herdeira dessa linha de reflexão filosófica que remonta ao Círculo de Viena na década de 1930.
Uma das características originais do empirismo lógico defendida pela maioria dos membros do Círculo de Viena era a rejeição de qualquer pressuposto metafísico. Cabe observar que a expressão ‘pressuposto metafísico’, no âmbito dessa corrente, se refere tanto a uma doutrina acerca dos objetos suprassensíveis (i.e., objetos não materiais) quanto a uma abordagem filosófica que estabeleça de modo apriorístico (i.e., anterior a qualquer forma de experimentação) asserções e normas sobre o mundo físico. Como Stegmüller (1977) assinala, a convicção fundamental desses empiristas pode ser assim enunciada: “é impossível conhecer a constituição e as leis do mundo real através de pura reflexão e sem qualquer controle empírico (por meio da observação)”. Esse posicionamento filosófico é oposto àquele defendido por Kant pois, de acordo com Kant, a ciência empírica se apoia em um fundamento sintético-apriorístico. Dessa forma, de acordo com os pressupostos assumidos pelo Círculo de Viena, a filosofia deve ser entendida como pesquisa fundamental. Isto significa que o papel desempenhado pela investigação filosófica se reduz, em linhas gerais, à análise lógico-linguística dos enunciados teoréticos e conceitos científicos, cujo propósito é, em última análise, o esclarecimento: dos conceitos fundamentais, das hipóteses admissíveis e dos procedimentos metodológicos das ciências particulares.
Podemos destacar que os dois filósofos que tiveram a maior ‘influência’ no Círculo de Viena foram Wittgenstein e Carnap. O primeiro, pela ênfase na análise da linguagem natural e, o segundo, pela insistência na construção de sistemas linguísticos formalizados (i.e., linguagens artificiais construídas a partir de regras formais precisas). Não obstante, deve ser observado que Wittgenstein, de fato, nunca pertenceu ao Círculo. Carnap, por sua vez, foi o maior representante do Círculo de Viena e o responsável pela elaboração de um sistema de lógica indutiva.



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