quarta-feira, 24 de junho de 2020

Sobre o Círculo de Viena (I)


Sobre o Círculo de Viena e o empirismo moderno (I).
Uma das correntes doutrinárias da filosofia contemporânea, a saber, a filosofia analítica (e empirista) tem como diretriz principal a análise lógica da linguagem. Essa orientação lógico-linguística estava presente entre as principais teses advogadas pelo chamado Círculo de Viena. Neste sentido, a filosofia analítica atual é herdeira dessa linha de reflexão filosófica que remonta ao Círculo de Viena na década de 1930.
Uma das características originais do empirismo lógico defendida pela maioria dos membros do Círculo de Viena era a rejeição de qualquer pressuposto metafísico. Cabe observar que a expressão ‘pressuposto metafísico’, no âmbito dessa corrente, se refere tanto a uma doutrina acerca dos objetos suprassensíveis (i.e., objetos não materiais) quanto a uma abordagem filosófica que estabeleça de modo apriorístico (i.e., anterior a qualquer forma de experimentação) asserções e normas sobre o mundo físico. Como Stegmüller (1977) assinala, a convicção fundamental desses empiristas pode ser assim enunciada: “é impossível conhecer a constituição e as leis do mundo real através de pura reflexão e sem qualquer controle empírico (por meio da observação)”. Esse posicionamento filosófico é oposto àquele defendido por Kant pois, de acordo com Kant, a ciência empírica se apoia em um fundamento sintético-apriorístico. Dessa forma, de acordo com os pressupostos assumidos pelo Círculo de Viena, a filosofia deve ser entendida como pesquisa fundamental. Isto significa que o papel desempenhado pela investigação filosófica se reduz, em linhas gerais, à análise lógico-linguística dos enunciados teoréticos e conceitos científicos, cujo propósito é, em última análise, o esclarecimento: dos conceitos fundamentais, das hipóteses admissíveis e dos procedimentos metodológicos das ciências particulares.
Podemos destacar que os dois filósofos que tiveram a maior ‘influência’ no Círculo de Viena foram Wittgenstein e Carnap. O primeiro, pela ênfase na análise da linguagem natural e, o segundo, pela insistência na construção de sistemas linguísticos formalizados (i.e., linguagens artificiais construídas a partir de regras formais precisas). Não obstante, deve ser observado que Wittgenstein, de fato, nunca pertenceu ao Círculo. Carnap, por sua vez, foi o maior representante do Círculo de Viena e o responsável pela elaboração de um sistema de lógica indutiva.



quarta-feira, 17 de junho de 2020

Apresentação do Manifesto do Círculo de Viena [1929]

Slides apresentando o Manifesto do Círculo de Viena de 1929:

https://1drv.ms/p/s!Ai8LADHW0t6yyWnAdRabxwUo0SL_?e=a9hUYa

segunda-feira, 8 de junho de 2020

Apresentação do Plano de Curso

Slides do plano de curso.

https://prezi.com/view/JsHLr9NA89y8gyqqB07f/

Slide 1 de apresentação do curso

Curso de Filosofia Geral II: Tópicos de Filosofia Contemporânea das Ciências.

https://prezi.com/i/lqn6pmsiswyz/


Videoaula de apresentação do curso remoto

quinta-feira, 4 de junho de 2020

Sobre o anarquismo metodológico de Feyerabend (II)

Feyerabend nos adverte que toda a investigação científica é sempre precária, uma vez que, qualquer experimento científico consiste em uma forma simplificada e incompleta de procedimentos (e aferições) sujeitos, a princípio, a (constante) revisão. Podemos objetar dizendo que: qualquer tipo de experimento está, de fato, sujeito a revisões; mas, este caráter simplificador e parcial está, por sua vez, submetido às condições do estado atual da física experimental (e da tecnologia). Em outros termos, conforme o avanço tecnológico, bem como do aprimoramento dos métodos de mensuração, aumentamos a nossa capacidade de investigação e retificamos os erros cometidos anteriormente.
Feyerabend insiste, também, na presença de lacunas nas explicações científicas. Ora, sabemos que qualquer doutrina científica (ou não) é suscetível, eventualmente, de alguma falha. Não obstante, isto não significa que não seja possível, por meio de revisões devidamente conduzidas, eliminar tais 'lacunas' de uma dada teoria científica. 
Eu diria que, talvez, o principal mérito da 'crítica' de Feyerabend aos fundamentos das ciências esteja em chamar a atenção para o caráter falibilista da pesquisa científica. No entanto, do meu ponto de vista, Feyerabend eleva este caráter a uma posição extrema (ou absoluta). E, por conseguinte, sugere uma forma de relativismo e ceticismo no âmbito da Filosofia das Ciências.
Se concordarmos com o ponto de vista proposto por Feyerabend em rejeitar certos dogmatismos e conservadorismos que permeiam a atividade acadêmica, admitindo-se a necessidade da ampliação de novos horizontes na pesquisa científica, então este posicionamento filosófico pareceria ser razoável. Por outro lado, esta mesma perspectiva filosófica defendida por ele rejeita de modo radical a elaboração de critérios de consistência e decidibilidade entre teorias rivais sobre uma dada classe de fenômenos estudados.
Resumindo: Feyerabend rejeita qualquer base indutiva ou dedutiva de racionalidade para os fundamentos das ciências.